Tenho pensado sobre amizade nos últimos tempos. É fácil entender o motivo...senti saudades de verdade e por isso tenho resgatado pra minha vida algumas pessoas queridas, importantes pra mim, e que por um motivo ou outro seguiram caminhos diferentes.
Vou logo dizendo que não tenho muitos amigos. Tenho muitos colegas, companheiros, pessoas especiais com quem gosto de compartilhar momentos de alegria, mas amigos, amigos mesmo, conto nos dedos das mãos e guardo no coração com uma senha de números e letras maiúsculas e minúsculas. Rssss...
Amizade pra mim é um tipo de relação muito intensa, muito verdadeira, de troca, mas também de doação. Não é fácil construir e muito menos manter. Digo isso porque pressupõe confiança mútua (artigo raríssimo nos dias de hoje), respeito às diferenças e muita disponibilidade. Não é algo linear e está sujeita às regras difusas da lógica fuzzy. É por isso que tenho amigos que não vejo há alguns anos, mas sei que quando encontrar vou sentir a mesma tranquilidade pra compartilhar as coisas da minha vida como se tivesse encontrado ontem, e tenho amigos que vejo quase todos os dias e que estão afastados por alguns assuntos que ainda não estamos conseguindo ou ainda não queremos conversar abertamente...tudo bem, tudo tem seu tempo, já aprendi.
É muito importante que cada um de nós saibamos respeitar as escolhas dos outros se quisermos que nossas escolhas sejam respeitadas e que estejamos abertos pra compartilhar o que a vida mandar, seja doce, amargo ou até azedo. Não é fácil, mas vale a pena! e sabe o que mais? depois de encontrar essas pessoas tão queridas descobri que as saudades que eu estava sentindo eram de mim mesma. É simples, o coração sabe, mas a nossa razão esquece (ou finge que esquece): o Eu só existe em relação com o Outro, uma relação entre dois Sujeitos, que se sabem diferentes, mas mesmo assim se gostam e escolhem conscientemente caminhar juntos por aqui...
Compartilho com vocês um texto do Oscar Wilde que diz muito o que penso e sinto sobre amizade. Espero que gostem:
Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde)
Parabéns pelo Blog nossa Amiga Josie!
ResponderExcluiramei seu blog!!!! além do face , mais um meio de matar a saudades....é sempre muito bom saber de vc!!! Parabéns!
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